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14 de outubro de 2011

Outros Tempos


Olá Netos Cibernéticos!

A Velha foi ver a montagem “Outros Tempos”, de Harold Pinter.


Depois de um Rock In Rio extremamente intenso, de uns dias no hospital por ter ficado destruída com o Rock bebê, a Velha conseguiu voltar ao teatro e foi ver a primeira montagem carioca do texto “Old Times” de Harold Pinter.
Tudo tem início com um casal, Kate e Deeley, que aguardam ansiosamente pela visita de uma antiga amiga de Kate, Anna. Enquanto aguardam, Deeley questiona Kate sobre essa amiga, como ela é? será que ela vai gostar da carne feita para o jantar? será ela vegetariana? Desde o princípio um clima de mistério sobre a visitante é demonstrado.
Anna chega e começa a relembrar sua juventude ao lado de Kate, excelentes noites em Londres. Deeley se percebe fora da conversa e tenta introduzir um assunto que o faça participar da noite. Com o passar do tempo a história se torna um duelo para saber quem tem mais intimidade com Kate e não se sabe mais o que é real desse passado de lembranças e o que é inventado.
A Velha saiu da montagem sem saber no que acreditar: se acreditava mais no sono que sentiu em alguns momentos ou nas histórias entrelaçadas e não desembaraçadas criadas por Pinter.
Em cena apenas 3 atores, dois sofás que podem ser entendidos como camas, uma poltrona, um suporte para bebidas e um tapete. Nada mais. Um cenário simples que orna com o figurino, ambos belissimamente pensados por Domingos de Alcantara. A iluminação de Paulo César Medeiros também contribui para os climas que a montagem se propõe. A atuação fica por conta de Cristina Flores (Anna), Paula Braun (Kate) e Otto Jr. (Deeley). Há também Miwa Yanagizawa, que junto com Paula Braun interpreta Kate, cada uma em um dia de apresentação, claro, não ao mesmo tempo Netos Cibernéticos queridos.
Otto Jr e Paula Braun estão bem em cena, conseguem segurar a dramaticidade exigida por suas personagens, porém o destaque da montagem é Cristina Flores (talvez porque sua personagem é a que desencadeia toda a trama e é a menos tensa na história, mas sem uma boa atuação isso se perderia facilmente).
Cris, Paulinha e Juninho (sim a Velha cria intimidade fácil com o elenco) são dirigidos por Pedro Freire, também responsável pela tradução do texto de Harold Pinter. E é este o maior problema da montagem.
“Outros Tempos” é a primeira direção de Freire, e acredito que ele poderia ter começado com algo menos complexo, pois o texto de Pinter é muito confuso e sem um desenrolar perfeito pode se tornar chato. Sim, Pedro conseguiu manter a elegância e o humor do Absurdo de Pinter, porém se perde em alguns momentos.
A peça cria uma barriga (“barriga” no teatro da Velha é quando falta acontecer algo de interessante que prenda a atenção do espectador) principalmente quando as personagens começam a cantarolar músicas em inglês que fazem referência as suas vidas quando jovens, mas que não tem ligação nenhuma com o espectador, porque o mesmo se não compreende outra língua e não é idoso, como eu, fica sem entender nada do que está acontecendo em cena, pois as músicas não são referências em suas vidas.
Como um todo a peça é construída de uma maneira inteligente e cuidadosa. A transição do natural para os diálogos mais absurdos é bem feita, poderia ser melhor, mas não se torna um pecado destruidor de teatros. O que fica para nós é a incerteza de qual das personagens estava falando a verdade e de quais histórias realmente aconteceram. Isso é bom, porque é o resultado do jogo de imposição de verdades feito o tempo inteiro por todas as personagens.
Uma montagem que vale a pena ser vista. Principalmente por trazer para cena apenas elementos necessários para a história ser contada, com objetos simples e belos, e boas atuações.


Classificação da Velha: PEÇA BOA (entenda a classificação aqui)

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Informações sobre a montagem:

OUTROS TEMPOS
Texto: Harold Pinter
Tradução e Direção: Pedro Freire
Elenco: Cristina Flores, Paula Braun / Miwa Yanagizawa, Otto Jr.

Onde: Espaço Cultural Sérgio Porto (Humaitá)
Quando: até 30 de outubro de 2011 / sexta e sábado - 21h, domingo, 20h
Quanto: R$ 20,00



Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam!

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