Olá Netos Cibernéticos!
A Velha foi ver a montagem “Outros
Tempos”, de Harold Pinter.
Depois de um
Rock In Rio extremamente intenso, de uns dias no hospital por ter ficado
destruída com o Rock bebê, a Velha conseguiu voltar ao teatro e foi ver a
primeira montagem carioca do texto “Old Times” de Harold Pinter.
Tudo tem
início com um casal, Kate e Deeley, que aguardam ansiosamente pela visita de
uma antiga amiga de Kate, Anna. Enquanto aguardam, Deeley questiona Kate sobre
essa amiga, como ela é? será que ela vai gostar da carne feita para o jantar? será
ela vegetariana? Desde o princípio um clima de mistério sobre a visitante é
demonstrado.
Anna chega e
começa a relembrar sua juventude ao lado de Kate, excelentes noites em Londres.
Deeley se percebe fora da conversa e tenta introduzir um assunto que o faça
participar da noite. Com o passar do tempo a história se torna um duelo para
saber quem tem mais intimidade com Kate e não se sabe mais o que é real desse
passado de lembranças e o que é inventado.
A Velha saiu
da montagem sem saber no que acreditar: se acreditava mais no sono que sentiu
em alguns momentos ou nas histórias entrelaçadas e não desembaraçadas criadas
por Pinter.
Em cena
apenas 3 atores, dois sofás que podem ser entendidos como camas, uma poltrona,
um suporte para bebidas e um tapete. Nada mais. Um cenário simples que orna com
o figurino, ambos belissimamente pensados por Domingos de Alcantara. A iluminação
de Paulo César Medeiros também contribui para os climas que a montagem se
propõe. A atuação fica por conta de Cristina Flores (Anna), Paula Braun (Kate)
e Otto Jr. (Deeley). Há também Miwa Yanagizawa, que junto com Paula Braun
interpreta Kate, cada uma em um dia de apresentação, claro, não ao mesmo tempo
Netos Cibernéticos queridos.
Otto Jr e
Paula Braun estão bem em cena, conseguem segurar a dramaticidade exigida por
suas personagens, porém o destaque da montagem é Cristina Flores (talvez porque
sua personagem é a que desencadeia toda a trama e é a menos tensa na história,
mas sem uma boa atuação isso se perderia facilmente).
Cris,
Paulinha e Juninho (sim a Velha cria intimidade fácil com o elenco) são
dirigidos por Pedro Freire, também responsável pela tradução do texto de Harold
Pinter. E é este o maior problema da montagem.
“Outros Tempos”
é a primeira direção de Freire, e acredito que ele poderia ter começado com
algo menos complexo, pois o texto de Pinter é muito confuso e sem um desenrolar
perfeito pode se tornar chato. Sim, Pedro conseguiu manter a elegância e o
humor do Absurdo de Pinter, porém se perde em alguns momentos.
A peça cria
uma barriga (“barriga” no teatro da Velha é quando falta acontecer algo de
interessante que prenda a atenção do espectador) principalmente quando as
personagens começam a cantarolar músicas em inglês que fazem referência as suas
vidas quando jovens, mas que não tem ligação nenhuma com o espectador, porque o
mesmo se não compreende outra língua e não é idoso, como eu, fica sem entender
nada do que está acontecendo em cena, pois as músicas não são referências em
suas vidas.
Como um todo
a peça é construída de uma maneira inteligente e cuidadosa. A transição do
natural para os diálogos mais absurdos é bem feita, poderia ser melhor, mas não
se torna um pecado destruidor de teatros. O que fica para nós é a incerteza de
qual das personagens estava falando a verdade e de quais histórias realmente
aconteceram. Isso é bom, porque é o resultado do jogo de imposição de verdades
feito o tempo inteiro por todas as personagens.
Uma montagem
que vale a pena ser vista. Principalmente por trazer para cena apenas elementos
necessários para a história ser contada, com objetos simples e belos, e boas
atuações.
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Informações sobre a montagem:
OUTROS TEMPOS
Texto: Harold Pinter
Tradução e Direção: Pedro Freire
Elenco: Cristina Flores, Paula Braun / Miwa Yanagizawa, Otto Jr.
Onde: Espaço Cultural Sérgio Porto (Humaitá)
Quando: até 30 de outubro de 2011 / sexta e sábado - 21h, domingo, 20h
Quanto: R$ 20,00
Quando: até 30 de outubro de 2011 / sexta e sábado - 21h, domingo, 20h
Quanto: R$ 20,00
Que Dionísio
ilumine o caminho dos que precisam!
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