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17 de junho de 2011

Um Dia Como os Outros

Olá Netos Cibernéticos!

A Velha foi ver a montagem “Um Dia Como os Outros”.


“Um Dia Como os Outros” nos mostra a história de uma família que se encontra todas as sextas-feiras para jantar. Porém, este encontro é especial: além de Philippe ter sido entrevistado em um canal de televisão, sua esposa, Yolanda, está aniversariando. O tradicional ponto de encontro de todos é o bar da família, que atualmente está aos cuidados do irmão mais velho, Henrique. No bar trabalha Denis, garçom que namora às escondidas a irmã caçula, Betty. Denis é detestado pela matriarca da família, Madamme Mesnard. Todos aguardam a chegada da esposa de Henrique, Arlette, para irem jantar.
Como em “Cozinha e Dependências” (mesmos dramaturgos, direção e elenco – leia o post sobre a montagem clicando aqui) a tensão se instala com o atraso de uma das personagens. Em “Um Dia Como os Outros” a demora de Arlette faz com que Madamme Mesnard comece a se exaltar, iniciando as primeiras discussões da noite. Indelicadezas, acusações entre todos e presentes equivocados mostram a complexidade das relações desta família.
A falsa harmonia é quebrada com os arranca-rabos sobre a falta de feminilidade e a solteirice de Betty, sobre a má repercussão da entrevista de Philippe, sobre o futuro do bar herdado pelo pai aos cuidados de Henrique, e sobre a ingratidão de Betty à Philippe por ter lhe conseguido um emprego. Tudo se torna um caos quando Arlette telefona para Henrique dizendo que não estará no encontro tradicional de sexta e pedindo um tempo na relação. A notícia chega aos ouvidos de todos da família que decidem comemorar o aniversário de Yolanda no bar, para não deixar Henrique sozinho.
A sintonia de todo o elenco faz com que esta montagem se torne excelente. Silvia Buarque, que interpreta Betty, deixa a desejar apenas no começo da história, pois força os movimentos masculinizados de sua personagem, porém com o desenrolar estes trejeitos se tornam fluentes. Talvez a diferença de personagem da primeira peça para a segunda, e o pouco tempo entre as mesmas, seja o motivo de tal falha, mas nada que atrapalhe o desenvolver da montagem.
Leandro Castilho, Márcio Vito e Kiko Mascarenhas estão ótimos. Por incrível que pareça o sotaque de Mascarenhas não incomodou tanto a Velha como na primeira montagem. Analu Prestes, que faz parte apenas de “Um Dia Como os Outros” está ótima também, mas o destaque, novamente, fica por conta de Bianca Byington, que interpreta deslumbrantemente a submissa Yolanda. Tanto Bianca quanto sua personagem crescem com o desenrolar da história e tomam conta total das cenas. Há muito tempo a Velha não via um público tão entregue a uma atriz (e a todo o elenco) como vi nesta montagem. A platéia estava completamente dentro de tudo que acontecia, e desde um suspiro de Yollanda a uma frase de Madamme Mesnard o público ia ao delírio com suas gargalhadas.
Não Netos Cibernéticos, não pensem que a montagem é uma comédia boba que utiliza de qualquer ferramenta para fazer o público rir a qualquer preço, é totalmente ao contrário, o humor é sofisticado, elegante e extremamente preciso. A montagem funciona com uma maestria enorme que na apresentação que a Velha assistiu o público e os atores estavam numa sintonia tão grande que em uma das cenas não se sabia quem ria mais, se quem estava dentro ou fora de cena. Por incrível que pareça essa desconcentração dos atores só acrescentou a montagem, e isso só acontece quando há uma criação de personagem tão perfeita, que possibilita o ator a entrar em harmonia com seu público e se qualquer coisa sair do roteiro não há problema, pois todos estão conectados.
“Cozinha e Dependências” é uma montagem boa, porém “Um Dia Como os Outros” é ótima. Vocês têm a obrigação de assistir ambas as montagens, principalmente para perceberem que temos no Rio de Janeiro atores tão bons capazes de se transformar em poucos minutos. Sem dúvida alguma a Velha recomenda “Um Dia Como os Outros”.


Classificação da Velha: PEÇA – ÓTIMA (entenda a classificação aqui)


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Informações sobre a montagem:

UM DIA COMO OS OUTROS
Texto: Agnès Jaoui, Jean-Pierre Bacri
Direção: Bianca Byington, Leonardo Netto
Elenco: Analu Prestes, Bianca Byington, Silvia Buarque, Kiko Mascarenhas, Leandro Castilho, Márcio Vito
Onde: Teatro Poeira
Quando: até 26 jun 2011 / sexta e sábado 21h / domingo 20h
Quanto: R$ 30.00; (R$ 40.00 para quem assistir à “Cozinha e dependências” e “Um dia como outros” no mesmo dia)


TEMPORADA ATUAL - 2012

Onde: Teatro dos Quatro
Quando: até 29 de fevereiro 2012 / segunda, terça e quarta, 21h30
Quanto: R$ 40.00;


Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam!

14 de junho de 2011

Cozinha e Dependências

Olá Netos Cibernéticos!

A Velha foi ver a montagem “Cozinha e Dependências”.


 “Cozinha e Dependências” conta a história de cinco amigos que, após dez anos, se reencontram para um jantar. Martine e Jac-ques, os anfitriões, são casados e hospedam temporariamente Georges, o amigo intelectual deprimido. Resolvem, então, oferecer um jantar a Charlotte e seu marido, um famoso apresentador de televisão, fazendo com que todos se reencontrem. Ainda aparecem no jantar, Fred, irmão de Martine, e sua noiva Marylin. Com o atraso de quase duas horas do casal convidado a tensão é instalada no local, o que leva Georges, que não esconde ressentimentos do passado com Charlotte e o marido, a se comportar indelicadamente.
É neste clima que a peça começa. Nós, espectadores, acompanhamos tudo pela cozinha, local onde as personagens revelam seus verdadeiros sentimentos sobre esse reencontro, fugindo de um jantar de aparências sociais.
Ao adentrar na sala onde a montagem seria apresentada a Velha quase morreu (sim, eu quase faleci), e o motivo foi o cenário. Fiquei assombrada com tanto realismo. Por um breve momento pensei que haviam ressuscitado algum cenógrafo do século XIX para colocar em cena algo tão realista. A minha cozinha estava lá, montada, com mais detalhes, e copos, e abridores, e cofre em formato de porco, e telefone que toca e geladeira, que na minha casa. Confesso que senti muito medo do que se iniciaria ali. Em pleno século XXI é possível contar a história da montagem sem precisar de tantos detalhes cenográficos realistas. Netos Cibernéticos, vocês sabem que a Velha não tem muito apreço por algo esteticamente estagnado ou vendido demais ao público, porém, confesso que fechei meus olhos, respirei fundo e pensei: “Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam”. E ele iluminou.
Apesar do realismo no cenário e figurino, a montagem é espirituosa, feita para divertir a família, e isso funciona. As personagens acabam sendo um pouco exageradas, em certos pontos até caricatas. Creio que isto se dê por conta das tensões e situações limites que quase todas se encontram: Martine, a anfitriã, está extremamente nervosa para que o jantar em sua residência aconteça como manda a sociedade, e tenta disfarçar isso ao máximo, gerando uma tensão interna que faz a personagem ter alguns momentos de histeria; Georges, o intelectual deprimido, é extremamente melancólico e grosseiro – é ele o maior responsável pelos primeiros momentos tensos da montagem; Charlotte, infeliz no casamento tenta equilibrar-se mantendo um affair; e assim cada personagem segue com sua tensão.
“Cozinhas e Dependências” é uma montagem que mostra o cotidiano de uma família de classe média alta, onde parecer feliz e realizado com sua vida medíocre é uma máscara obrigatória feita para ser utilizada na sala, mas ao chegar na cozinha, lugar dos empregados, da classe trabalhadora, onde não há (ou há pouca) camuflagem social, as máscaras, que inutilmente tentam disfarçar os verdadeiros sentimentos das personagens caem e se revelam, enfim, as mágoas, os desencontros, as aflições, as dores de se viver.  Claro, a montagem não faz com que você reflita sobre sua vida, nada disso, conseqüentemente não se torna uma obra-prima, porém não é algo dispensado e mal feito, ao contrário, há um cuidado com a proposta e isso torna a peça divertida.
O texto é escrito por Agnès Jaoui e Jean-Pierre Bacri. A peça tem direção de Bianca Byington e Leonardo Netto. Todo o elenco está bem em cena, porém há um grande problema que acaba por atrapalhar a montagem: o sotaque carioca fortíssimo de Kiko Mascarenhas. A Velha quase gritou com ele no meio da apresentação porque os meus ouvidos doíam demais com a dissonância entre a melodia da fala de Mascarenhas e a dos demais.
Márcio Vito está muito bem em cena, é bom vê-lo atuar. Mas o destaque da montagem fica por conta de Bianca Byington, que deslumbrantemente interpreta a anfitriã do jantar e consegue fazer com que o público fique atento a cada detalhe, cada movimentação, e cada palavra/som emitido por sua personagem.
Cozinha e Dependências” faz parte do projeto de montar no Brasil as duas peças escritas por Agnès Jaoui e Jean-Pierre Bacri, além da citada há a possibilidade de assistir a montagem de “Um Dia Como Os Outros” (que falarei no próximo post) com o mesmo elenco, ambas no Teatro Poeira.
A Velha recomenda “Cozinha e Dependências”. Apesar dos pesares acho importante que vocês, Netos Cibernéticos, entrem em contato com montagens onde é perceptível o trabalho de criação das personagens e o respeito com a arte teatral.

Classificação da Velha: PEÇA – MÉDIA (entenda a classificação aqui)

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Informações sobre a montagem:

Cozinha e Dependências
Texto: Agnès Jaoui, Jean-Pierre Bacri
Direção: Bianca Byington, Leonardo Netto
Elenco: Bianca Byington, Silvia Buarque, Kiko Mascarenhas, Leandro Castilho, Márcio Vito
Onde: Teatro Poeira
Quando: até 26 jun 2011 / sexta e sábado 19h30 / domingo 18h30
Quanto: R$ 30.00; (R$ 40.00 para quem assistir à “Cozinha e dependências” e “Um dia como outros” no mesmo dia)


TEMPORADA ATUAL - 2012

Onde: Teatro dos Quatro
Quando: até 29 de fevereiro 2012 / segunda, terça e quarta, 20h
Quanto: R$ 40.00



Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam!

3 de junho de 2011

Em outro teatro...

Olá Netos Cibernéticos!

Aos poucos a Velha vai se recuperando da sua doença, mas sem esquecer de dar dicas ótimas para vocês, meu Netos queridos.

Ontem voltou a estar em cartaz a montagem "Adultério", da Cia. Atores de Laura, só que em um novo teatro.

ADULTÉRIO
Adaptação e Direção: Daniel Herz
Elenco: Ana Paula Secco, Anderson Mello, Leandro Castilho, Luiz André Alvim, Marcio Fonseca, Paulo Hamilton, Verônica Reis
Quando: até 26 de junho de 2011 / qui, sex e sáb 21:00 | dom 20:00 
Quanto: qui e sex R$ 50.00; dom e sáb R$ 60.00

Leia o que a Velha achou de Adultério


Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam!