Analytics

17 de janeiro de 2012

Em Outro Teatro...


Olá Netos Cibernéticos!

O ano de 2012 chegou e a Velha está com tudo neste que será o último ano na vida de todos (digo isso porque eu estava com os Maias quando eles fizeram a previsão que tudo mudaria a partir de 21 de dezembro deste ano, alguns diziam que eu não estaria viva para ver, mas estarei aqui porque sou eterna: “a eterna velha surda que senta na última fila dos teatros onde vocês se apresentam”.

O primeiro post do ano será sobre as montagens que estiveram em cartaz em 2011 e que começam o ano em outros espaços e horários.

          
O FILHO ETERNO
Texto: Cristovão Tezza
Adaptação: Bruno Lara Rezende
Direção: Daniel Herz
Elenco: Charles Fricks
Onde: Teatro Leblon – Sala
Quando: até 25 de fevereiro de 2012 / sextas e sábados, 18h30.
Quanto: R$ 50,00

Leia, clicando no link (risos), o que a Velha achou de O FILHO ETERNO


COZINHA E DEPENDÊNCIAS
Texto: Agnès Jaoui, Jean-Pierre Bacri
Direção: Bianca Byington, Leonardo Netto
Elenco: Bianca Byington, Silvia Buarque, Kiko Mascarenhas, Leandro Castilho, Márcio Vito
Onde: Teatro dos Quatro
Quando: até 29 de fevereiro 2012 / segunda, terça e quarta, 20h
Quanto: R$ 40.00

Leia o que a Velha achou de COZINHAS E DEPENDÊNCIAS


UM DIA COMO OS OUTROS
Texto: Agnès Jaoui, Jean-Pierre Bacri
Direção: Bianca Byington, Leonardo Netto
Elenco: Analu Prestes, Bianca Byington, Silvia Buarque, Kiko Mascarenhas, Leandro Castilho, Márcio Vito
Onde: Teatro dos Quatro
Quando: até 29 de fevereiro 2012 / segunda, terça e quarta, 21h30
Quanto: R$ 40.00;

Leia o que a Velha achou de UM DIA COMO OS OUTROS.



Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam!

25 de outubro de 2011

Divinarias


Olá Netos Cibernéticos!

A Velha foi ver a montagem “Divinarias”, da CAL – Casa das Artes de Laranjeiras.


A montagem é uma adaptação livremente inspirada no romance “Nossa Senhora das Flores”, de Jean Genet.
A peça se passa em um presídio e na lembrança dos que lá estão e tem início com a chamada habitual dos presos por números. Cada preso se mostra presente levantando um cartaz onde está o número chamado e o nome do ator que interpreta aquele ser. Uma maneira interessante de apresentar os atores/alunos ao público.
A seguir uma cena confusa e desnecessária acontece: a insinuação de uma masturbação coletiva no presídio, onde textos são falados e ninguém entende nada, pois os gestos e gemidos são tão grotescos que acabam por atrapalhar completamente as informações soltas em forma de palavras. Demora algum tempo para o espectador compreender que eles estão todos dando início à história de Divina, um travesti.
A partir deste momento vimos a trajetória de Divina ser contada, hora por narradores, hora em ação dramática. Acompanhamos o mundo violento da rua e das drogas. Vemos um travesti romântico se perder em amores errados. “Divinarias” retrata a história heróica de vida e morte deste travesti que é apaixonado por Mignon, um cafetão ladrão e impostor que lhe impõe traição e abandono, trocando divina por Mimosa. Com este repúdio Divina tem seu caminho cruzado pelo mon pethit Nossa Senhora das Flores.
Os primeiros 35 minutos da montagem são cansativos e com algumas cenas totalmente desnecessárias, como é o caso da que citei onde há uma masturbação coletiva e da cena de nudez de um dos atores, que reza uma missa pornográfica e do nada abre os braços e está nu. Nestes longos minutos iniciais era perceptível ver o dedinho da CAL ali, que sempre faz questão de colocar seus alunos nus em cena sem realmente ter necessidade. A Velha cansou de ver montagens da Casa das Artes de Laranjeiras onde o principal motivo parecia ser ‘chocar’ por expor os seus pupilos como vieram ao mundo. Alguém precisa avisá-los que antes de ensinar os alunos a ficarem nus em cena é necessário fazê-los entender que é muito mais interessante se despir no teatro quando é extremamente necessário, o que não é o caso desta cena na Igreja. Além disso, na montagem a maioria dos travestis estão pessimamente caracterizados, pedaços de pano nas bundas, panos em formato de pênis marcando nas roupas, etc.
A montagem tem quase 2 horas de duração e parece ter sido dirigida por duas pessoas completamente diferentes, pois a primeira hora é caricata e até mesmo chata, porém após a aparição da personagem Nossa Senhora das Flores a montagem começa a se tornar interessante, a poesia teatral começa a aparecer e por fim nos vemos envolvidos nos passos da personagem Nossa Senhora. Vimos no final outra cena de nudez, só que desta vez dentro da proposta, com um lirismo excelente, com significado por trás do se despir. A Velha não consegue entender como uma montagem pode começar tão ruim e durante o seu percurso se transformar em algo totalmente diferente da proposta inicial e acabar ganhando um pouco de qualidade.
Marcelo Alonso Neves faz um ótimo trabalho de diretor musical, pois a sonoplastia realmente contribui para que a montagem ganhe qualidade. Carol Rodriguez tem ótimos acertos e grandes erros nos figurinos, alguns são excelentes, porém outros…
São 22 alunos/atores em cena, mas são poucos os que merecem destaque e podem ser considerados atores se formando em uma escola de teatro. A personagem principal, Divina, é interpretada por Pedro Henrique Nunes que na primeira hora da montagem nos entedia, o aluno/ator parece não dar conta da dramaticidade da personagem, mas com o passar do tempo ele chega ao mínimo exigido para o papel. Não vi uma atuação excelente, mas também não é algo desprezível. O ator está bem em cena; Mignon é interpretado por Lucas Tapioca que deixa e muito a desejar, mais alguns anos de CAL seria importante para este aluno. Larissa Marinonio interpreta o travesti Garganta Profunda (pelo menos é assim que a Velha lembra dela), um dos poucos travestis bem caracterizados e muito bem interpretado; também tem uma ótima interpretação Thaísa Cahet, que faz a mãe de Divina e em muitos momentos aparece para narrar a história; o ator Cesar Soares tem momentos bons e ruins, mas podemos perceber que quando o ator é bem conduzido sua participação se torna importante.
A Velha reservou um parágrafo para falar de Jaime Balster, o ator que interpreta Nossa Senhora das Flores. Jaime já nos chama a atenção antes mesmo de entrar em cena como Nossa Senhora. Em uma das cenas mais bonitas o ator toca violão ao lado de uma das atrizes e canta belissimamente, mas ele entra em evidência quando aparece pela primeira vez como Nossa Senhora das Flores, numa das melhores cenas da montagem quando a sua personagem assassina um senhor cego (senhor este, sem visão, muito bem interpretado por Celso Jardim). A partir deste momento a montagem começa a ficar interessante e Balster nos mostra o quanto é prazeroso ver um ótimo ator em cena. Ele consegue fazer com que nós, espectadores, criemos uma afeição por sua personagem, não apenas pela história dela, mas principalmente por seu trejeito, a sua maneira de caminhar, a sua voz doce e suave, tudo isso unido a uma caracterização perfeita. Sem dúvida alguma Jaime Balster é o destaque principal desta montagem.
No panfleto de “Divinarias” vemos a seguinte frase: “adaptação livremente inspirada no romance “Nossa Senhora das Flores”, de Jean Genet”. A Velha sente calafrios quando vê a palavra adaptação seguida de livremente. Atualmente as escolas de teatro de todo o país tem usado este recurso de divulgação para não assumir os equívocos colocados em cena. Quando é uma adaptação já pressupomos que há uma mudança da obra original; quando há escrito ‘adaptação livre’ estão nos dizendo que provavelmente veremos algo ruim e não devemos comparar com a obra original; mas quando leio ‘adaptação livremente inspirada’ sinto vontade de correr três dias e três noites, pois já é adaptado, uma adaptação livre, que não vai seguir obrigatoriamente o original, mas adaptação livremente inspirada? Inspirada? É pedir pelo amor de Deus para que o público não julgue o que vai ver. Acredito que Inez Viana não esteja feliz com o resultado de seu trabalho para usar essa frase na divulgação de sua montagem pela CAL.
Apesar de todos os pesares, como a Velha já disse, a montagem tem seu momento péssimo (o começo) e depois tem seu momento bom (da metade pro final). Vale a pena ver o que as escolas de teatro estão produzindo e perceber que há alguns talentos que irão brilhar nos palcos cariocas em montagens profissionais nos próximos anos.


Classificação da Velha: PEÇA - MÉDIA (entenda a classificação da Velha aqui)

Fiquem por dentro das atualizações do blog e novidades: sigam a Velha no Twitter e adicionem a Velha no Facebook.

Não se esqueçam de comentar abaixo, Netos Cibernéticos. Quero saber a opinião de vocês sobre os posts.


Informações sobre a montagem:

DIVINARIAS
Texto: Jean Genet
Adaptação: Inez Viana e Cilene Guedes
Direção: Inez Viana
Elenco: Amanda Manfredi, Amanda Rodrigues, Camilla Molica, Celso Jardim, Cesar Soares, Cilene Guedes, Fernanda Pierotti, Frederico Bilheri, Guilherme Dell Orto, Jaime Balster, Larissa Emi, Larissa Marinonio, Ley Pontes, Lia Saboia, Lucas Tapioca, Nicole Gomes, Pedro Henrique Nunes, Ruan Calheiros, Sabrina Mendonça, Sissi Faria, Talita Silveira e Thaísa Cahet.


Onde: Teatro Gonzaguinha
Quando: até 02 de novembro de 2011 / terças e quartas-feiras, 19h30.
Quanto: R$ 20,00


Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam!