Olá Netos Cibernéticos!
A Velha foi ver a montagem “Foi
Carmen”, de Antunes Filho.
Uma jovem
menina antecipa seu sonho de se tornar uma artista; através de fragmentos de
realidades é tentado contar toda sua trajetória musical e sua transformação em
um mito. A montagem não conta a vida de Carmen Miranda, fica mais no que essa
figura se tornou na imaginação popular.
A montagem
tem um começo excelente. Uma menina, interpretada por Mariah Teixeira, entra no
palco contando os seus passos, quando caminha para frente o número de passos
aumenta, porém quando caminha para trás, diminui, o que torna a cena inicial
muito engraçada, criando empatia com o público. Esta menina sonha em ser uma
grande artista. Enquanto ouvimos a voz de Carmen Miranda na sonoplastia, vemos
imagens surgindo no palco, os trejeitos de Carmen aparecem nos gestos da
pequena menina, que compartilha sua expressão com três velhas (quase tão velhas
quanto eu).
Após este
momento inicial surge uma figura típica carioca: o malandro, interpretado pelo
excelente Lee Taylor. Esta figura caminha pela cidade maravilhosa nos contando
momentos da vida de Carmen, até que encontra com um vulto da grande artista, interpretado por Emilie Sugai. Em
nenhum momento da peça ela é mostrada de frente, dando a alusão de algo que já
passou, que já morreu, que não está mais ali. E assim a montagem segue,
praticamente sem texto, uma mistura de dança com teatro para nos mostrar quem “Foi
Carmen”.
A montagem
utiliza muito as influências do teatro japonês, principalmente o tempo do butô,
um tempo de cena largo, extenso. A idéia de Antunes era deixar o público
relaxado para que imagens fossem criadas em suas mentes através dos estímulos
dados no palco, porém não foi isso que pude perceber no público presente e não
foi o que aconteceu comigo. Sim Netos Cibernéticos, a Velha relaxou durante o
espetáculo, relaxou tanto que não conseguia mais prestar a atenção por achar
tudo muito parado e igual. As cenas eram extensas ao extremo, as imagens se repetiam.
Na primeira cena que relatei acima a menina já nos mostra os trejeitos tão
conhecidos de Carmen Miranda e o coquetel de frutas utilizado em sua cabeça, as
famosas bananas. E isso se repete outras vezes. Em uma das cenas o malandro
entra com um baú e retira todos esses elementos novamente. Ele coloca dois
pares de sapatos altos no chão e ali já fica claro o que irá acontecer a
seguir: o malandro se transformar em Carmen, usar aquele salto alto. Esta é a
cena que a Velha mais se esforçou para não dormir e confesso que só fiz esse
esforço por ser uma montagem do grande Antunes Filho.
Outra cena
que foi no mínimo inusitada é o momento que a passista, interpretada por
Patrícia Carvalho, recebe um espírito (creio eu que seja africano) e se debate
no chão feito uma louca. Daquilo surge Carmen. WHAT? Que Carmen foi essa
Brasil? Vinda da África através de um centro de umbanda?
A proposta
de homenagear Carmen, de fazer uma homenagem referência ao butô misturado com
samba e um tributo ao Rio de Janeiro… tudo isso é lindo, porém é nítido que a
montagem não chega a ser algo que o público se encanta, ou tem vontade de
voltar para assistir. Alguns momentos são ótimos, porém a grande parte da
montagem é lenta e chata. Um tempo oriental apresentado a um público ocidental
carioca no ritmo do samba. Talvez este tenha sido o equívoco.
"Foi Carmen" foi apresentada no Teatro Nelson Rodrigues integrando as apresentações de Antunes Filho no Rio de Janeiro chamada de "Trilogia Carioca Antunes Filho". A montagem que falei aqui teve apenas 3 apresentações, dias 11, 12 e 13 de outubro, porém vocês ainda podem ver as outras duas montagens dessa trilogia "Policarpo Quaresma" (que a Velha falará sobre no próximo post, sexta-feira) e "Lamartine Babo".
Classificação da Velha: PEÇA MÉDIA (entenda a classificação aqui)
Fiquem por dentro das atualizações do blog e novidades: sigam a Velha no Twitter e adicionem a Velha no Facebook
Classificação da Velha: PEÇA MÉDIA (entenda a classificação aqui)
Fiquem por dentro das atualizações do blog e novidades: sigam a Velha no Twitter e adicionem a Velha no Facebook
Que Dionísio
ilumine o caminho dos que precisam!
Nenhum comentário:
Postar um comentário