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18 de outubro de 2011

Foi Carmen


Olá Netos Cibernéticos!

A Velha foi ver a montagem “Foi Carmen”, de Antunes Filho.


Uma jovem menina antecipa seu sonho de se tornar uma artista; através de fragmentos de realidades é tentado contar toda sua trajetória musical e sua transformação em um mito. A montagem não conta a vida de Carmen Miranda, fica mais no que essa figura se tornou na imaginação popular.
A montagem tem um começo excelente. Uma menina, interpretada por Mariah Teixeira, entra no palco contando os seus passos, quando caminha para frente o número de passos aumenta, porém quando caminha para trás, diminui, o que torna a cena inicial muito engraçada, criando empatia com o público. Esta menina sonha em ser uma grande artista. Enquanto ouvimos a voz de Carmen Miranda na sonoplastia, vemos imagens surgindo no palco, os trejeitos de Carmen aparecem nos gestos da pequena menina, que compartilha sua expressão com três velhas (quase tão velhas quanto eu).
Após este momento inicial surge uma figura típica carioca: o malandro, interpretado pelo excelente Lee Taylor. Esta figura caminha pela cidade maravilhosa nos contando momentos da vida de Carmen, até que encontra com um vulto da grande artista, interpretado por Emilie Sugai. Em nenhum momento da peça ela é mostrada de frente, dando a alusão de algo que já passou, que já morreu, que não está mais ali. E assim a montagem segue, praticamente sem texto, uma mistura de dança com teatro para nos mostrar quem “Foi Carmen”.
A montagem utiliza muito as influências do teatro japonês, principalmente o tempo do butô, um tempo de cena largo, extenso. A idéia de Antunes era deixar o público relaxado para que imagens fossem criadas em suas mentes através dos estímulos dados no palco, porém não foi isso que pude perceber no público presente e não foi o que aconteceu comigo. Sim Netos Cibernéticos, a Velha relaxou durante o espetáculo, relaxou tanto que não conseguia mais prestar a atenção por achar tudo muito parado e igual. As cenas eram extensas ao extremo, as imagens se repetiam. Na primeira cena que relatei acima a menina já nos mostra os trejeitos tão conhecidos de Carmen Miranda e o coquetel de frutas utilizado em sua cabeça, as famosas bananas. E isso se repete outras vezes. Em uma das cenas o malandro entra com um baú e retira todos esses elementos novamente. Ele coloca dois pares de sapatos altos no chão e ali já fica claro o que irá acontecer a seguir: o malandro se transformar em Carmen, usar aquele salto alto. Esta é a cena que a Velha mais se esforçou para não dormir e confesso que só fiz esse esforço por ser uma montagem do grande Antunes Filho.
Outra cena que foi no mínimo inusitada é o momento que a passista, interpretada por Patrícia Carvalho, recebe um espírito (creio eu que seja africano) e se debate no chão feito uma louca. Daquilo surge Carmen. WHAT? Que Carmen foi essa Brasil? Vinda da África através de um centro de umbanda?
A proposta de homenagear Carmen, de fazer uma homenagem referência ao butô misturado com samba e um tributo ao Rio de Janeiro… tudo isso é lindo, porém é nítido que a montagem não chega a ser algo que o público se encanta, ou tem vontade de voltar para assistir. Alguns momentos são ótimos, porém a grande parte da montagem é lenta e chata. Um tempo oriental apresentado a um público ocidental carioca no ritmo do samba. Talvez este tenha sido o equívoco.
"Foi Carmen" foi apresentada no Teatro Nelson Rodrigues integrando as apresentações de Antunes Filho no Rio de Janeiro chamada de "Trilogia Carioca Antunes Filho". A montagem que falei aqui teve apenas 3 apresentações, dias 11, 12 e 13 de outubro, porém vocês ainda podem ver as outras duas montagens dessa trilogia "Policarpo Quaresma" (que a Velha falará sobre no próximo post, sexta-feira) e "Lamartine Babo".




Classificação da Velha: PEÇA MÉDIA (entenda a classificação aqui)


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Que Dionísio ilumine o caminho dos que precisam!

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