Olá Netos Cibernéticos!
A Velha foi ver a montagem “Feriado
de Mim Mesmo”, do grupo Teatro de Extremos.
“Feriado de Mim Mesmo” é
uma adaptação feita por Fabiano de Freitas, que também assina a direção dessa
montagem, do livro homônimo de Santiago Nazarian.
Miguel é um
escritor jovem que vive sozinho em seu apartamento. Ele trabalha em casa, não
tem amigos e não conhece os vizinhos. De repente as coisas começam a se modificar:
objetos que mudam de lugar, recados na secretária eletrônica, baratas que
morrem, compras que não foram feitas, roupas molhadas que não são suas e uma
escova de dentes vermelha. Seria um invasor sem rosto e sem nome? Quais seriam
seus propósitos? Seria um fantasma, um assassino? Talvez seja tudo um surto de
esquizofrenia, talvez paranóia, talvez, Netos Cibernéticos, sejam apenas atores
perdidos em cena tentando entediar o público. Se o objetivo desta montagem é a
última opção a Velha tira o chapéu para eles, pois o elenco conseguiu com
maestria me deixar entediada.
Quando a
montagem começa o primeiro ator já mostra o que vai acontecer nos próximos 90
minutos: expressões exageradas, narrativas cansativas e intermináveis. A
montagem usa de tudo um pouco, faz referências à linguagem cinematográfica,
tenta ter momentos fragmentados, mistura perfomance, usa recursos audiovisuais,
e faz de tudo para mostrar a fisicalidade dos atores, que são mais narradores
do que atores. Tentam usar tanta coisa que tudo vira uma bagunça sem fim.
A trilha
sonora de Guilherme Siman é péssima. Tem música do começo ao fim, direto, com
poucos momentos sem música de fundo, tudo isso para tentar dar um clima para a
cena que os atores não conseguem sozinhos. Em alguns momentos a Velha quase
gritou pedindo para eles desligarem a música, que era irritante.
O pior de
tudo é a narrativa em excesso unida com a redundância. Se a Velha quisesse ver
uma narração de histórias, teria ido à Bienal do Livro ouvir atores lendo os
livros, porque foi quase isso que a Velha viu em “Feriado de Mim Mesmo”, atores
que ao invés de ler sabiam o livro de cor, mas não transformavam nada em ação
concreta, ficavam apenas em ‘ele caminhou até o banheiro’ e um ator caminhava
até o banheiro, ‘ele não sabia se atendia ou não o telefone’ e um ator
ilustrava estar em dúvida, ‘o telefone tocou’ e entrava sonoplastia de um
telefone tocando. Dionísio, por favor, me responda: como pode em pleno século
XXI ser feito um teatro tão redundante? É um desrespeito ao público que pensa.
Algo
desnecessário em cena foi a nudez dos atores. Não havia motivo, explicação, não
tinha por que. Talvez seja para tentar seduzir os olhos do público fazendo com
que o mesmo se fixe nos corpos dos atores nus e esqueça que estão quase
dormindo.
Há três momentos
interessantes na montagem: em dois deles a Velha foi ficando feliz, pois
percebia que a peça estava caminhando para o fim, porém havia uma pausa grande
e a peça continuava, acabando com toda a esperança de felicidade que havia em
meu ser; o terceiro momento e o mais interessante é realmente o fim da peça,
saber que aquela tortura acabou.
O mais
triste de tudo é que a Velha percebe que os atores acreditam demais no que
fazem em cena, acreditam que teatro é aquilo, é ser redundante, é ser chato pra
parecer contemporâneo, é ficar nu porque choca, é usar recursos tecnológicos.
Queria eu saber quem ensinou isso à eles? EU MATO SE DESCOBRIR.
Quando cheguei
em casa acendi 4 velas (uma para cada ator e uma para o diretor) e rezei para
que Dionísio ilumine demais o caminho deles, pois esses sim precisam. A Velha
apenas não entende como uma montagem assim estava em cartaz no SESC de
Copacabana. Mas não precisem se preocupar, Netos queridos, a temporada deles
acabou dia 11 de setembro (uma data simbólica para o atentado que eles
cometeram contra o teatro nacional).
Que Dionísio
ilumine o caminho dos que precisam!
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