Olá Netos Cibernéticos!
A Velha foi ver a montagem “Uma
Flauta Mágica” de Peter Brook.
“Uma Flauta Mágica” é
uma livre e sucinta adaptação feita por Peter Brook, Franck Krawczyk e
Marie-Hélène Estienne, da ópera ‘A Flauta Mágica’, de Wolfgang Amadeus Mozart.
A montagem
começa com o príncipe Tamino perdido na floresta, onde encontra Papageno, um
caçador de pássaros. Papageno é um homem alegre que aprecia os prazeres da vida
e trabalha para a Rainha da Noite. Deste encontro Tamino fica sabendo que
Pamina, filha da Rainha da Noite, foi sequestrada por Sarastro. Após ver um retrato
da bela jovem o príncipe se apaixona por Pamina e, a pedido da Rainha da Noite,
decide resgatá-la.
Há dois
casais que se formam na montagem, Tamino-Pamina, eixo central da montagem representando
a realeza, e Papageno-Papagena, simbolizando o lado comum da humanidade. Durante
o desenrolar da montagem Tamino e Pamina passam por algumas provas antes de
poderem se encontrar, sendo uma delas o voto de silêncio feito por Tamino, que
acaba por causar imensa dor em Pamina. As dificuldades se tornam maior pela luta
entre a Rainha da Noite, que ambiciona o poder, e Sarastro, rei e sacerdote
de Ísis, praticante do bem. Para Sarastro trabalha,
porém, o mouro Monostatos, que tenta seduzir Pamina
e se alia à Rainha da Noite. Papageno também passa por um tipo de prova antes
de encontrar Papagena, e este contraponto do homem comum que se comporta de
modo diferente do príncipe diante das adversidades é o lado cômico que faz esta
versão de Brook ser tão leve.
A montagem
dura uma hora e meia e mantém os sete personagens principais da ópera de
Mozart. Desaparecem da trama as damas da Rainha da Noite, o trio de rapazes e
os homens armados. Podemos dizer que Franck Krawczyk concebeu uma nova partitura musical, adaptada a partir
da partitura original de Mozart, pois a transcrição da mesma foi tão magnifíca
que parece ser uma nova obra. Com isso a orquestra
foi substituída por um maravilhoso acompanhamento de piano. Marie-Hélène Estienne e Peter Brook adaptaram o libreto de Emanuel
Schikaneder com uma poesia facinante, bem aos moldes ‘brookiano’ de se fazer
teatro, sem a parnafernália habitual de adereços e efeitos cênicos utilizados
em musicais mundo à fora, permitindo que o espectador entre com mais facilidade
na mágica e na ternura da obra de Mozart. Brook busca a essência da obra e
consegue trazê-la à tona, prevalecendo uma fábula de iniciação à sabedoria, à amizade
e ao amor.
A performance teatral é simples e imaginativa, com os elementos típicos
de Brook administrado com precisão: o espaço é quase vazio – com apenas alguns bambus
que se transformam em palácio da rainha da Noite, em prisão dos dois
amantes e em floresta – e os atores e cantores atuam descalços. Mesmo sendo uma obra adaptada
livremente Peter Brook não desrespeita os aspectos singulares da ópera,
permitindo assim que o espectador compreenda melhor a obra de Mozart. Os
cantores são muito jovens (comparados à Velha) e se desenvolvem com grande
naturalidade teatral neste estilo musical. Os atores, todos negros e belos (a
Velha ficou excitada com eles), suportam o peso da trama. A ópera é cantada em alemão
e o diálogo é falado em francês. A Velha espera, sinceramente, que os atuais diretores
dos musicais cariocas tenham assistido à montagem de Brook e aprendido que não
precisam de recursos cênicos estrondosos para prender a atenção e emocionar o
espectador.
“Uma Flauta Mágica” exala um frescor e uma leveza vista em poucos
espetáculos. A história é facilmente compreendida e a música de Mozart,
especialmente os vocais, resplandece em sua condição mais bela. Um espetáculo
que faz bem ao coração e à alma.
Classificação da Velha: ESPETÁCULO!
OBSERVAÇÃO: A Velha não poderia ignorar
o fato da FUNARTE ter feito uma abusiva reserva de ingressos para a montagem em
questão. Em 3 apresentações o Teatro Dulcina pode comportar 1287 espectadores,
porém destes 987 lugares estavam reservados à FUNARTE e apenas 300 foram
liberados. A Velha apoiou o protesto feito pelo povo carioca em repúdio à este
ato da FUNARTE. O resultado do manifesto foi a apresentação extra realizada
ontem a tarde (08/09), porém não podemos deixar que este episódio passe em
branco. O espetáculo estava em um Teatro mantido com dinheiro público e na 8ª
página, na 15ª linha do programa feito pela FUNARTE está escrito: “É preciso, claro, agradecer às instituições
que tornaram possível a realização destas 3 apresentações, aliás por um preço
acessível para que todos possam ter acesso a uma cultura de qualidade”. Não
foi isso que aconteceu, porque os que tiveram acesso foram os 300 sortudos que
conseguiram comprar o ingresso e os 987 convidados da FUNARTE. “PARA QUE TODOS
TENHAM ACESSO”, apenas no papel, porque na prática foi diferente.
Claro que este episódio não diminui a
importância e a qualidade da apresentação de Peter Brook no Rio de Janeiro, mas
eu, como Velha que sou, não poderia deixar passar em branco tal acontecimento
que desrespeitou a população carioca.
Que Dionísio
ilumine o caminho dos que precisam!
Muito bom o seu blog veia! Veja também os musicais e comente todos - seria ótimo e engraçadíssimo!
ResponderExcluirSaúde!