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28 de janeiro de 2011

R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida

Olá Netos Cibernéticos!

A Velha foi ver a montagem “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida”.



 “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” é baseada no texto “Juventude Interrompida”, escrito em 1997 por Joe Calarco, que por sua vez é considerada uma das melhores releituras das últimas décadas de “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare. Realmente a releitura de Calarco é excelente, uma idéia brilhante para um texto mais brilhante ainda, porém a adaptação do texto de Calarco, feita por Geraldo Carneiro não chega a ser brilhante. “R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” pode ser considerada a releitura da releitura de “Romeu e Julieta”, complicado meus Netos, mas é isso mesmo.
Quando a Velha resolveu ver a montagem ela (no caso eu) pensou e repensou se valeria a pena ver mais uma versão do clássico de Shakespeare. Então, após discutir horas comigo mesma decidi me aventurar.
De acordo com o programa da montagem, “R&J...” conta a história de “quatro estudantes de um colégio interno no interior da Inglaterra dos anos 80 (que) cansados das tediosas rotinas escolares, decidem transformar suas vidas cheias de regras. Depois de uma aula, um deles aparece com uma cópia de “Romeu e Julieta” e todos se revezam na leitura da peça em voz alta. Empolgados, os garotos começar a quebrar os padrões para continuar as leituras” e começam a brincar de representar. Luigi Pirandello feliz, seu "metateatro", ou seja, o teatro dentro do teatro, ainda sendo usado nos dias de hoje.
O enredo é excelente, mas montar Shakespeare hoje em dia é algo complicado, pois suas peças já foram encenadas inúmeras vezes, por grandes atores, e, além disso, os versos ditos na maneira como foram escritos não comunica mais, diretamente, com o público, deixando as encenações chatas para grande parte dos espectadores. Quando “R&J...” começou vi, diante dos meus olhos, atores bonitinhos que iriam mais uma vez tornar minha noite longa e tediosa, e foi isso que aconteceu nos primeiros 20 minutos de apresentação. Mas quando os atores começam a representar as personagens femininas, a montagem ganha um dinamismo ótimo e inicia aí um crescente, que anima o público.
Eu já vi peças por todo o país, mas nunca encontrei um público que sente tanto a necessidade de rir, por qualquer coisa, como o público carioca. Eis que o auge da peça se dá com as risadas tiradas pelos atores fazendo trejeitos femininos, não chega a ser caricato, o que agrada demais a Velha.
Rodrigo Pandolfo faz, num primeiro momento, uma Julieta perfeita, porém com o desenrolar da peça ele destoa dos demais. Torna-se feminino demais e não consegue sustentar o drama da personagem, pois cria no público uma idéia de que qualquer movimento que ele faça é para ser engraçado, e quando a tragédia de Julieta acontece o público não entra nela, e ri em momentos que deveriam ser dramáticos, por exemplo, a falsa morte de Julieta tem tudo para ser uma cena linda, mas não é, porque o público não está no clima e o ator não consegue sustentar o drama.
Na opinião da Velha este é o maior problema da montagem. Ela começa e em poucos minutos já fica cansativa, depois entra num clima leve, engraçado e agradável e continua assim até a cena do casamento de Romeu e Julieta. Em seguida, quando a tragédia começa a tomar sua forma, os atores principais não sustentam o drama, deixando a montagem cansativa novamente. A velha não dormiu, mas bocejou.
Como diz no programa da montagem, a peça se passa nos anos 80, num internato. O cenário e o figurino remetem demais a isso, fica claro, porém a sonoplastia perde essa idéia de tempo específico. Músicas cantadas pelos atores e utilizadas em cena nos trazem para os dias atuais, saindo dos anos 80. Eis aí algo que não se encaixa na proposta, pois não há, em nenhum outro momento, essa quebra de tempo. Seria interessante repensar a sonoplastia, e repensar também a cena que vem logo após o casamento de Romeu e Julieta, quando os atores começam a cantar, um de cada vez uma música diferente. A cena não é agradável, sem papas na língua, é chata.
O destaque da montagem é sem dúvida alguma o ator Pablo Sanábio, que faz uma ama impagável. Ele é o único que fez a Velha acreditar que era o jovem estudante representando a ama, e não o ator fazendo a ama. Sanábio já se destaca desde o começo da montagem, quando sua personagem reclama que não vai representar Romeu, e é ele o responsável pelo auge da apresentação, arrancado risadas seguidas de aplausos no meio da montagem por sua ótima atuação.
João Gabriel Vasconcellos está bem em cena, nada que o destaque e nada que o denigra. Felipe Lima precisa apenas deixar sua personagem feminina, a mãe de Julieta, um pouco mais leve. Em “R&J” temos três atores que interpretam as personagens femininas em três níveis diferentes: Pandolfo é mulheril demais, exagerado; Lima é feminino de menos, precisa deixar seus gestos mais leves e redondos; e Sanábio encontrou o meio termo perfeito, nem muito feminino, nem muito masculino, deixando a personagem ‘Ama’ excelente.
“R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida” vai de cenas excelentes, a cenas que deixam a desejar. São duas horas de apresentação, e levando isso em consideração (porque a Velha sabe que não é fácil fazer uma montagem de duas horas) posso dizer que vale a pena conferir a montagem. Só que, Netos Cibernéticos queridos, não vão com muitas expectativas, mas vão assistir. A Velha recomenda.

Classificação da Velha: PEÇA – MÉDIA!


Informações sobre a montagem:

R & J de Shakespeare - Juventude Interrompida
Texto:
Joe Calarco
Direção: João Fonseca
Onde: Espaço Sesc - Copacabana
Quando: até 6 fev 2011 - qui, sex e sáb 21:00 | dom 19:30 / apresentações extras nos dias 01 e 02 de fevereiro, às 21h.
Quanto: R$ 16.00

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